Até 2050, um quarto da capacidade de armazenamento de barragens em todo o mundo será perdido, de acordo com um estudo realizado pela ONU.

Aproximadamente 50.000 grandes barragens ao redor do mundo podem ver mais de 25% de sua capacidade de armazenamento comprometida até 2050 devido ao acúmulo de sedimentos, o que representaria um risco para a segurança global da água e da energia, de acordo com um estudo da ONU divulgado na quarta-feira.
A Universidade das Nações Unidas alerta que a capacidade das barragens deverá diminuir de 6 trilhões de metros cúbicos para 4,655 trilhões de cu m até 2050, sendo necessário agir para resolver essa questão e garantir a proteção da infraestrutura de armazenamento essencial.
O acúmulo de silêncio ocorre devido à interrupção dos fluxos naturais de água, o que pode resultar em prejuízos para as turbinas de usinas hidrelétricas e na redução da geração de energia.
Evitar a movimentação de sedimentos ao longo de um rio pode aumentar o risco de inundações em áreas localizadas mais acima e danificar os habitats rio abaixo.
O relatório da ONU examinou informações de mais de 47 mil barragens em 150 nações e constatou que 16% da capacidade original já foi comprometida. Prevê-se que os Estados Unidos sofram uma perda de 34% até 2050, enquanto o Brasil poderá perder 23%, a Índia 26% e a China 20%.
Por muito tempo, os críticos têm avisado que os impactos sociais e ambientais de longo prazo das grandes barragens são maiores do que as vantagens que oferecem.
Segundo Vladimir Smakhtin, diretor do Instituto de Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas e um dos responsáveis pelo estudo, houve uma redução significativa na construção de barragens em todo o mundo, com apenas cerca de 50 sendo construídas anualmente, em contraste com as 1.000 construídas por ano no meio do século passado.
“Ele afirmou que a questão que precisamos nos questionar atualmente é quais outras opções existem para substituir as barragens, especialmente na produção de energia, uma vez que estão sendo descartadas.”

A China continua a interromper a passagem de grandes rios por meio da construção de hidrelétricas, que são peças-chave em seus esforços para diminuir a dependência de combustíveis fósseis e regular as emissões de gases de efeito estufa. No entanto, empreendimentos como o Três Gargantas – a maior usina hidrelétrica do mundo – têm causado impactos sociais e ambientais significativos.
De acordo com uma investigação da Reuters realizada no ano passado, as barragens construídas pela China no rio Mekong têm afetado o transporte de sedimentos para países situados na direção da foz do rio, alterando a paisagem e ameaçando os meios de vida de milhões de agricultores.