A França precisa manter os mercados de títulos estáveis para evitar uma crise econômica semelhante àquela enfrentada por Liz Truss.
Os políticos franceses devem prestar atenção às demandas dos mercados de títulos – e ignorá-las – ou encarar uma situação potencialmente desastrosa, adverte Nigel Green em relação a ‘Liz Truss’.
O alerta do CEO do Grupo deVere surge em meio ao tumulto político na França, que está levando a diferença entre os rendimentos dos títulos franceses e alemães a se ampliar ainda mais, atingindo o maior nível desde a crise da dívida soberana.
Após a eleição convocada pelo presidente Macron de forma rápida, os resultados mostraram que nenhum partido conquistou assentos em quantidade suficiente para obter maioria no parlamento, o que resultou em um cenário de instabilidade na política francesa que pode se prolongar por meses.
Os cidadãos franceses uniram-se para evitar que a extrema direita representada por Marine Le Pen assumisse o controle. No entanto, essa vitória foi passageira para a coalizão de Esquerda que se opõe a Le Pen.
Nigel Green observa que um novo governo francês terá problemas para avançar com reformas econômicas e chegar a um consenso sobre políticas fiscais, devido às divergências significativas em relação a impostos e gastos governamentais, após a recente eleição parlamentar disputada.
A França estava enfrentando dificuldades fiscais significativas que a levaram a ser alvo de um Procedimento de Déficit Excessivo (EDP) devido à sua dificuldade em manter o déficit orçamental abaixo de 3% do PIB.
O EDP é uma ação da Comissão Europeia que é tomada em relação a um Estado membro da UE caso ele exceda o limite do défice orçamental ou não diminua adequadamente sua dívida.
Ele prossegue explicando que as divergências em relação às propostas de impostos e gastos foram o principal motivo de conflito entre a Nova Frente Popular de esquerda e a Rassemblement National (RN, ou National Rally), resultando em uma eleição rápida.
Ambas as economias requerem disciplina financeira e cautela.
Se os políticos franceses não levarem em consideração as exigências dos mercados financeiros, poderão ser rapidamente penalizados e correr o risco de passar por uma situação desastrosa semelhante à de Liz Truss.
Liz Truss ocupou o cargo de primeira-ministra do Reino Unido por um curto período de 49 dias em 2022. Sua gestão foi interrompida após investidores rejeitarem um anúncio feito por seu governo em um ‘mini orçamento’. O anúncio propunha a redução de impostos através de empréstimos, visando impulsionar o crescimento econômico de forma mais rápida. No entanto, houve preocupações de que essa medida poderia aumentar a inflação, indo contra os esforços do Banco da Inglaterra para controlá-la.
Houve também grande preocupação em relação à viabilidade da dívida governamental em meio ao rápido aumento das taxas de juros.
O valor da libra em relação ao dólar atingiu um ponto historicamente baixo, e os preços dos títulos despencaram, resultando em rendimentos mais altos. Isso, por sua vez, levou a taxas de hipoteca mais elevadas e colocou alguns fundos de pensão em risco de inadimplência.
O Banco da Inglaterra teve que realizar três ações distintas para evitar uma grande crise no mercado de títulos do governo do Reino Unido.
Nigel Green afirma que é complicado prever um consenso entre as forças políticas francesas em questões fiscais, o que pode representar um risco. Os mercados financeiros estão atentos e preocupados com a possibilidade de um cenário semelhante ao de Liz Truss.
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